Jogos de reflexão – Alfândega

  1. Coloca-te de pé junto a um sinal de aviso "Alfândega".
  2. Fecha os olhos
  3. Com a tua voz interior, fala para ti mesmo a palavra "alfândega".
  4. Reflecte no seu significado.
  5. Expande essa tua reflexão ao conceito de fronteira.
  6. Imagina a fronteira como um filtro permeável.
  7. Pergunta-te: o que é que ela deixa passar?
  8. Quais as condições para que um objecto possa passar?
  9. Quais as condições para que um animal possa passar?
  10. Quais as condições para que uma pessoa possa passar?
  11. Quais as condições para que uma ideia possa passar?
  12. Animais irracionais e objectos sem valor podem passar livremente.
  13. Humanos e objectos de valor monetário relevante não podem passar livremente.
  14. Que nos dizem estas regras da natureza da sociedade, suas fronteiras e divisões?
  15. As ideias, como viajam elas através das fronteiras?
  16. Pensa agora na tua consciência.
  17. Também ela tem uma alfândega e uma fronteira permeável. Moral, ideológica, conceptual.
  18. O que é que a tua alfândega deixa passar? O que não passa de todo?
  19. Abre os olhos
  20. Respira fundo
  21. Continua o teu caminho.

O digital

Os três tipos de presença digital:

  1. A presença digital é uma extensão da presença do indivíduo no mundo físico. São colocadas no mundo digital, anexadas à(s) identidade(s) digital(ais) do indivíduo, informações (normalmente na forma de imagens, textos, vídeos, sons, músicas e interacções nas redes sociais através de botões "emotivos" - sendo o mais conhecido o gosto da rede social com símbolo azul) - que são vistas por ele como uma forma de expressão daquilo que ele é, daquilo em que ele acredita, que quer passar ao mundo. No fundo, são uma forma de expressar a sua identidade num mundo digital de pares, e com eles interagir socialmente.
  2. A presença digital não é uma extensão da presença do indivíduo no mundo físico. Ele opta por criar perfis de personalidade paralelos ao seu perfil "real", e navegar em redes de pares sociais sob uma identidade "disfarçada".
  3. A presença digital não é. Isto é, não existe.

É neste ponto 3 que quero focar uma breve reflexão. Como é do conhecimento geral e comum, o mundo digital, na sua forma mais básica, é representado por conjuntos de informação codificados na forma de zeros e uns. Binário. Esta linguagem de zeros e uns, armazenada num qualquer dispositivo, é acedida por outro(s) dispositivos. Uns, retransmitem-na, e outros interpretam-na. Através da descodificação de cadeias de zeros e uns, é possível transformar esta linguagem simplista nas mais complexas das representações visuais, auditivas, etc.

Zeros. e Uns.

No plano simbólico, os Uns representam a existência, o valor da unidade, da presença.

Os Zeros simbolizam o oposto deste algo, a inexistência do algo digamos assim. Podemos mesmo arriscar a dizer, representam o Nada.
Sendo assim, defendo que o nada, sendo ele representado digitalmente de uma forma tão forte e clara pela presença de um Zero, é um pólo que atrai e armazena todas as entidades digitais que não existem. Todos os indivíduos deste mundo que não possuem qualquer forma de identidade digital, são representados por este nada, por este Zero.

Criei este Zero, e guardo-o com todo o cuidado - num dispositivo de armazenamento de dados digitais.

Pois ele simboliza a maioria das pessoas.

E isso é importante de guardar.

Perspectiva

No que toca às artes plásticas, a sua interpretação é, e será sempre, uma questão de perspectiva.
Perspectiva no sentido físico, pois poder-nos-á ser negado, ou facilitado, o acesso a uma certa perspectiva de uma obra (um ângulo, uma linha de visão, etc.), facto este que por si só nos influenciará na interpretação da criação artística.
Perspectiva no sentido imaterial, pois a nossa ideia mental sobre o objecto é criada a partir de ideias e conceitos previamente apreendidos, e que são agora, no exercício de interpretação da obra de arte, colocados no pensamento, reordenados, revistos, reinterpretados, no fundo, re-perspectivados, para finalmente nos conduzirem à dita interpretação.
Embebida neste binómio perspectiva material - perspectiva imaterial surge a figura central à condução do pensamento sobre a, e da, arte, o curador. Ao conceptualizar uma ideia, predispondo e dispondo a obra de arte de determinada forma ao seu público, o curador, neste exercício, trabalha ele próprio a partir da sua perspectiva, visando passá-la ao observador da obra, e à própria obra enquanto observada.

Por fim podemos chamar ao curador o perspectivador de perspectivas.

Estão a ver?

manifesto

  1. Será sempre tratado como uma pessoa, e não como uma palavra. Em actos formais, o trato por Exmo. Sr. Pseudonimo bastará.
  2. O acento fica de fora da escrita da palavra Pseudonimo propositadamente. A palavra assim escrita é perfeitamente perceptível, e quando impressa gastará menos tinta. Além do mais, Pseudonimo pretende ter igual força em toda a extensão da sua acção, não permitindo que um acento, qual símbolo de uma parte que se quer evidenciar do todo, estrague essa uniformidade.
  3. Tudo o que seja escrito, dito, falado, proferido, gesticulado, cantado, pintado, partido, ou seja, toda a interacção efectuada por Pseudonimo tem os direitos de autor restritos ao Pseudonimo, não podendo ser repetido(a)(s) por terceiros.
  4. Toda a ideia ou objecto, observável ou apenas imaginável, real ou virtual, que seja intelectualmente apropriado por Pseudonimo, por ele interpretado e assim transformado em arte, será propriedade intelectual do mesmo. Terceiros poderão utilizar essas mesmas interpretações para reflexão própria. Serão, aliás, incentivados a tal.
  5. A arte é vista como um impulso à reflexão. Pseudonimo considera que a própria reflexão pode ser arte. Mesmo que se trate de uma reflexão sobre outra coisa que não a arte. Ou uma reflexão sobre a própria reflexão.
  6. O processo de observação, interpretação, reflexão e interiorização é belo. Ponto.
  7. Os símbolos são construídos pela realidade humana e resultam da interpretação que deles é feita no contexto em que estão representados. Resta-nos a nós desmontá-los para os voltar a construir.
  8. O símbolo só o é pelo acto humano. Nunca um símbolo existe por si só (ou per se para os mais intelectuais).
  9. Pelas lógicas anteriores, a crítica de arte pode em si própria constituir arte. No entanto, não se incentiva a tal.
  10. O artista é o artista. O curador é o curador. E vice-versa.